A regulação emocional pela comida é um fenômeno comum e, ao mesmo tempo, desafiador. Muitas pessoas experimentam o que chamamos de fome emocional — um ciclo em que emoções difíceis são temporariamente aliviadas por meio da ingestão de alimentos, mas seguidas de culpa, medo de engordar e mais sofrimento emocional.
Esse padrão pode se tornar um círculo vicioso que afeta a saúde física, emocional e a autoestima.
A fome emocional geralmente começa com uma situação que desperta emoções intensas como:
Essas emoções ativam pensamentos automáticos como:
“Eu mereço algo gostoso.”
“Isso vai me acalmar.”
“Não aguento mais esse sentimento.”
Sem perceber, a pessoa recorre à comida — muitas vezes de forma impulsiva — buscando alívio emocional imediato. O problema é que, geralmente, a comida é consumida sem atenção, sem saborear ou reconhecer sinais de saciedade.
Esse padrão pode ser descrito como um ciclo com várias etapas:
1. Emoção negativa
2. Vontade de comer
3. Alívio momentâneo
4. Culpa e arrependimento
5. Medo de engordar
6. Mais ansiedade
7. Nova emoção negativa
8. Vontade de comer novamente
A comida, nesse contexto, se transforma em uma tentativa de anestesiar o sofrimento. O problema é que o alívio é breve — e o sofrimento volta, muitas vezes com mais força.
A regulação emocional pela comida é um comportamento que pode ter sido aprendido ao longo da vida. Talvez a comida tenha sido um recurso oferecido na infância como consolo, ou tenha se tornado uma forma acessível de enfrentar momentos difíceis.
O ponto é que não se trata de fraqueza ou falta de força de vontade. É uma estratégia que funcionou por um tempo, mas que hoje pode estar gerando mais sofrimento do que alívio.
Uma das abordagens mais eficazes é ampliar o repertório de respostas emocionais. Isso significa buscar novas formas de lidar com as emoções, como:
É essencial reconhecer que suportar emoções difíceis faz parte da vida emocional saudável. Nem toda emoção precisa ser evitada ou resolvida imediatamente. Às vezes, só precisa ser sentida e atravessada com gentileza.
Desenvolver consciência alimentar é outro passo importante:
Pergunte-se: Estou com fome ou estou tentando fugir de algo?
Observe: Estou saboreando a comida ou comendo automaticamente?
Perceba: Sinto saciedade ou sigo comendo mesmo sem necessidade física?
Esses momentos de pausa e escuta interna ajudam a criar espaço entre o impulso emocional e a ação de comer, permitindo escolhas mais alinhadas às reais necessidades do corpo.
A fome emocional não é um erro, mas um sinal de que algo precisa ser olhado com mais cuidado e compaixão. Quebrar esse ciclo leva tempo e exige prática — mas é possível.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) pode ser uma grande aliada nesse processo, ajudando a identificar gatilhos, reconstruir crenças e desenvolver novas formas de se relacionar com emoções e com a comida.
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